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Mobilidade Urbana: Vias Multimodais

  • Foto do escritor: Pedal Inicial
    Pedal Inicial
  • 15 de mar. de 2020
  • 4 min de leitura

Se você mora em uma grande metrópole como São Paulo com certeza já passou, ou passa diariamente, pela seguinte situação: você sai da empresa que trabalha no final do dia com seu carro e estima chegar em casa em 30 minutos, mas acaba levando 1 hora sem saber o porquê.


Quando qualquer alteração tem efeitos enormes no trânsito geral da cidade, é porque sua causa não se deve somente aos constantes fatos extraordinários como acidentes, chuvas, greves e etc. Mas também é muito devido à forma com que a mobilidade urbana foi concebida. No caso: priorizarando o transporte individual por automóveis em uma cidade que não comporta mais esse tipo de locomoção.


O “Global Designing Cities Iniciative”, estudo realizado em mais de 70 cidades diferentes pelo mundo, revela as vantagens , principalmente em grandes metrópoles como São Paulo, de um planejamento focado em vias multimodais — que comportem diversos meios diferentes de deslocamento, incluindo as bicicletas. As principais delas: aumento da capacidade de fluxo da via e aumento da segurança.


FLUXO: VIAS AUTOMOTIVAS X VIAS MULTIMODAIS


Para se ter uma ideia, em uma via padrão orientada para carros, com calçadas (2 de 3 metros, sendo uma de cada lado da rua), faixas de rolagem (3 com 3 metros de largura) e faixas para estacionar (2 de 3 metros, sendo uma de cada lado da rua) que prevê somente fluxo de automóveis particulares e pedestres, possui uma capacidade de 12.300 pessoas/hora.




Já em uma via multimodal, onde se preveem além dos automóveis particulares e pedestres, também transporte coletivo e ciclistas, a capacidade cresce para 30.100 pessoas/hora, sendo 7.000 pessoas/hora só de ciclistas. Neste caso algumas das fixas de rolagem transformadas em calçadas mais largas, ciclovias e corredores para transporte publico.





Enquanto um ciclista ocupa um espaço médio de 2 m² um motorista ocupa 12,5 m², o que em um espaço de 25 m x 3 m resultaria em 22 ciclistas ou 4 motoristas.

Vale lembrar também que de todos os veículos que trafegam em uma rua a bicicleta é o mais vulnerável e por isso que a construção e manutenção de vias cicláveis é tão importante, uma vez que minimiza muito o número de acidentes além de tornar o trânsito mais organizado. Segundo estudos realizados, o aumento em instalações para o ciclismo resulta em uma diminuição considerável nos gastos com saúde e acidentes no trânsito.





CASE: AS VIAS MULTIMODAIS DE NOVA YORK


Entre 2010 e 2015, a cidade de Nova York nos EUA (que tem uma demanda e dinâmica de trânsito similar a São Paulo) fez uma reestruturação em suas ruas para um modelo de rua multimodal, uma delas sendo a Second Avenue. Como resultado, houve um aumento de 60% no volume de ciclistas na via, além da redução de mais de 12% dos veículos e de 7% nos acidentes de trânsito com lesões.




Ou seja, o conceito funciona, só precisa ser bem planejado e implementado. Infelizmente em São Paulo são raros os casos que as vias cicláveis são implementadas corretamente e com padrão de qualidade adequado. Na maioria das vezes as ciclofaixas e até ciclovias não tem a largura mínima recomendada de 1,8 m para uma faixa ou 2,4 m para duas faixas (uma de ida outra de volta). Além disso, elas acabam incluindo sarjetas ou outras áreas da rua que não deveriam ser utilizadas para circulação.


O grande problema se deve ao fato de que, em muitos casos, quando uma rua é eleita para receber uma via ciclável, ela não é inteira repensada para virar uma rua multimodal. Ela, normalmente, é adaptada parcialmente por questões de espaço, tempo e custo limitados. O que é um obstáculo normal e compreensível para esse tipo de projeto em cidades com dimensões como a de São Paulo, mas que apesar de melhorar a condição para o uso da bike ainda não oferece a devida segurança aos ciclistas e demais envolvidos (como outros veículos e pedestres), por não ter áreas suficientes de amortecimento ,escape e ultrapassagem.



DESLOCAMENTO URBANO: BICICLETA X AUTOMÓVEL


Outra cena muito comum em cidades como São Paulo é você sair da sua casa fora do horário do “Rush”, entrar em uma rua, encontrar com um ciclista, andar a rua inteira e no final da rua parar no último farol dela ao lado do mesmo ciclista que encontrou no começo da rua. E você pensa: mas será que o carro é mesmo tão mais rápido que a bicicleta? Como a cidade tem muitos faróis, você tem que ficar parando toda hora o que faz com que a vantagem de velocidade que o carro tem em relação a bike não é tão grande assim: em áreas centrais fora do horário de “Rush”, o ciclista fica entre 15 e 20 km/h, enquanto o motorista fica em torno de 25 a 30 km/h, isso significa que em 10 minutos o ciclista percorre 2,4 km, enquanto o motorista de carro, 4,2 km.




Já em horário de trânsito pesado a velocidade do motorista cai drasticamente e no caso do ciclista ela quase não se altera. Ou seja, o ciclista e o motorista de carro ficariam com uma velocidade média muito próxima, isso se o ciclista não ficar mais rápido pelas ruas estarem congestionadas a ponto de estar tudo parado, o que não é uma situação rara.


CICLOVIAS: CRIANDO A CULTURA DA BIKE


O que vem primeiro? Os ciclistas ou a ciclovia?


Em uma pesquisa realizada para mapear a propensão ao uso da bike e experiência da pessoa, de todas as pessoas 60% delas se mostraram interessadas mas apreensivas devido as estressantes interações com os veículos motorizados, por isso não utilizavam a bike, 32% não tinham interesse e os 8% restantes utilizavam a bike com alguma frequência e eram confiantes.


Esses 60% mostram bem o potencial de ciclistas que poderiam estar pedalado se a estrutura cicloviária de uma cidade fosse bem implementada. Ou seja, uma boa infraestrutura é essencial para se criar uma cultura ciclística.



OBS: Todos os dados e estatísticas apresentados nesse artigo foram extraídos do “Global Designing Cities Iniciative”, estudo realizado em mais de 70 cidades diferentes pelo mundo (incluindo Fortaleza e São Paulo no Brasil), sendo 40 países e 6 continentes diferentes. No Brasil foi publicado pelo Senac como Guia Global de Desenhos de Ruas. Faça bom uso deles e os utilize para ajudar a incentivar o ciclismo seguro para todos.

 
 
 

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